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“Arte e Cultura para quê? Por quê?” Academia de Letras lança manifesto em prol da Cultura barbacenense

Depois de serem registrados atos de vandalismo com prédios públicos, incluindo a Casa da Cultura, os artistas e ativistas culturais de Barbacena usaram as redes sociais para expor suas opiniões. A Academia Barbacenense de Letras publica, neste domingo, primeiro dia do mês de junho, um manifesto concitando o morador da cidade “a cerrar fileiras conosco, no sentido de nos unirmos, todos, pela recuperação e pela manutenção de nossos equipamentos artístico-culturais”.

O Manifesto (que você lê na íntegra, abaixo) pergunta “a quantas andam” as reformas dos Museus George Bernanos e Emeric Marcier.

Além de justificar a necessidade do homem em se expressar por intermédio da cultura e da arte, o Manifesto termina dizendo “Arte e cultura para quê, por quê? Talvez, porque a vida não seja suficiente… Porque há lágrimas vertidas, escorridas, nas várias faces… Revelam o lamento… As cores, entretanto, marcam a nossa diversidade, atestam a vida e prenunciam a esperança!”

MANIFESTO DA

ACADEMIA BARBACENENSE DE LETRAS

ARTE E CULTURA PARA QUÊ, POR QUÊ?

Arte para quê, por quê?  “A arte existe porque a vida não basta” (Ferreira Gullar)… A arte produz obras com valor estético e simbólico: pintura, escultura, música, literatura, teatro, cinema, entre outras, num exercício de aisthesis. Qual é sua função? A arte (derivada de ars, do latim, “técnica”, “habilidade”) é uma forma de expressão, comunicação e reflexão sobre o mundo, peculiar do homem, instaurando ideias, sentimentos e emoções. A arte é também uma manifestação cultural, marcada e reconhecida pelas crenças e pelos valores mais recônditos, mais caros, de um dado povo. Trata-se, portanto, de máxima expressão de sua identidade!

Cultura para quê, por quê? Talvez, porque a vida não seja suficiente… Cultura (derivada de colere, do latim, “cuidar de”) é o conjunto de hábitos, crenças, valores, conhecimentos, comportamentos e tradições tacitamente difundidos e compartilhados por uma comunidade específica, num exercício de aisthesis. Em igual proporção, a cultura define, delineia a identidade de um povo, de uma nação, cuidadosamente modelando a maneira com a qual o homem pensa, age, relaciona-se e, mais relevante: concebe-se (na contraparte do outro)! A cultura, não obstante, abarca uma miríade de nuances da vida gregária, em sociedade, tais como a multiplicidade de manifestações religiosas, a lingua(gem), os costumes, as características alimentares e um sem-número de outros aspectos que constituem a essência do ser humano.

Arte e cultura para quê, por quê? Talvez, porque a vida não seja suficiente… A arte é uma porção fundamental da cultura, não um apêndice dessa, assim como também não o é para o homem! É vital! Colige conduta, convicção e crédito, como registrado, promovendo reflexão, consciência crítica, algo de que tanto carecemos!

Em última instância: a arte é um “protesto” cultural, mas a cultura é um conceito mais dilatado que abraça a arte como uma de suas expressões, possivelmente a mais altiva. Arte e cultura estão imbricadas, indissociadas, influenciando-se, desempenhando um papel central na concepção das identidades individuais, coletivas e, sobretudo, construindo caracteres, cosmologias, juízos de valor, diversidade, democracia, inclusão.

Arte e cultura para quê, por quê? Talvez, porque a vida não seja suficiente… Esses conceitos se enlaçam e se materializam por intermédio dos dínamos, incansáveis, que impulsionam as potencialidades artísticas e culturais das comunidades onde atuam, tencionando se sobrepor a toda sorte de obstáculos…

Arte e cultura, em Barbacena, para quê, por quê? Porque a vida de nossa municipalidade clama pelo apoio ir dos nossos agentes culturais! Porque somos muitos na messe: Academia Barbacenense de Letras, Academia Barbacenense de Ciências Jurídicas, Instituto Curupira, Sala de Música Heitor Villa-Lobos, Sociedade de Cultura Municipal, Biblioteca Pública, Arquivo Público Municipal, Conservatório Municipal e tantos outros. Não nos olvidamos, contudo, de nossos museus: da Loucura, Municipal, Emeric Marcier e Georges Bernanos. Aliás, quanto a esses dois, da pena governamental indagamos: a quantas anda a reforma/ a restauração/ a manutenção?… Concitamos você, barbacenense, a cerrar fileiras conosco, no sentido de nos unirmos, todos, pela recuperação e pela manutenção de nossos equipamentos artístico-culturais!

Arte e cultura para quê, por quê? Talvez, porque a vida não seja suficiente… Porque há lágrimas vertidas, escorridas, nas várias faces… Revelam o lamento… As cores, entretanto, marcam a nossa diversidade, atestam a vida e prenunciam a esperança!

Academia Barbacenense de Letras – ABL

Barbacena, junho de 2025.

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