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Histórias Longevas de Vidas

Prof.ª Dra. Marcela da Paz – Docente na UEMG – Barbacena

Era para ser mais um final de tarde na parada de ônibus. Àquela hora, 18h00, Maria de “bom coração”, mãe de Mel, já tinha acabado a lida do dia como cozinheira. A filha já tinha cuidado da casa e dos irmãos. Mel estava com o coração pulsante esperando o enamorado José que ela conheceu no encontro da igreja. “Homem que gosta de verdade visita a moça em casa e pede a mão dela para a família”, dizia o pai da jovem de 17 anos. Ele, um senhor magro, alto e pardo, com as mãos calejadas do roçado, era um homem de fé, temente a Deus.

O Protetor, vamos dar este nome ao pai de Mel, muito humilde, sonhava em ver a filha casada, bem casada. A paquera, mesmo a mais genuína, deve acontecer ser sob a bênção dos pais. Mas, ele, que ava o dia trabalhando para receber por cada montante de café colhido, sonhava em ver a menina formada. Desde criança ela ajudava toda feliz a professora e os colegas da escola rural. A esperança era que a Mel se tornasse uma médica ou uma advogada para defender os desvalidos da sociedade. Com as oportunidades de estudo cada vez maiores, já era possível planejar muita coisa para o futuro. O Protetor e a Maria de “bom coração” também já podiam estudar.  

Era muita coisa que se ava no coração da menina com nome tão doce, enquanto aguardava o José chegar no ônibus da cidade vizinha.  O ônibus se aproximou, com olhares curiosos pelas janelas e, desceu José, tímido e sorridente, carregando uma sacola de pano cheia de doce de leite que a própria mãe dele preparou para a família de Mel. José estava com mochila simples nas costas, blusa verde militar – orgulhoso de servir ao exército.  

Os dois se olharam, sorriram docemente. Será que desta vez eu também encontrei o meu José? Pensava ela, enquanto ele, tranquilamente, repousou as mãos sobre os ombros leves da Mel.

 

Prof.ª Dra. Marcela da Paz – Docente na UEMG – Barbacena

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