Prof.ª Marcela da Paz – UEMG Barbacena
Raquel Pereira – graduanda em Pedagogia UEMG Barbacena

Você conhece aquele ditado popular : “esporte, religião e política não se discutem”?
A religião é sempre um assunto muito delicado para conversarmos e debatermos.
Talvez o mais correto seja conversarmos sobre as possibilidades da vivência da fé impactar positivamente na nossa vida, saúde, família e união comunitária.
É a nossa fé que nos proporciona o verdadeiro sentido e significado da vida. Através das nossas crenças e do estudo de nossas doutrinas, independente de quais sejam, encontramos o sentido de nossa existência. Por quais razões eu estou aqui? Qual a minha vocação? E os meus talentos?
Assim, à vida espiritual são apresentadas, ao mesmo tempo em que são respondidas, as questões que norteiam a nossa própria existência.
Nem todos creem em Deus, é verdade, e isto também deve ser respeitado. A vivência do amor só é plena quando aceitamos e respeitamos àqueles que pensam diferente de nós.
Aí é que se encontram as polêmicas e, infelizmente, a intolerância religiosa.
Um determinado cidadão professa uma fé e segue uma doutrina. Esta crença fundamenta os os e a resposta para a própria existência.
Por outro lado, um outro cidadão, que encontra um significado diferente para a própria vida, em outra doutrina, pode entender que a outra pessoa, de outra profissão de fé, está ofendendo a própria origem da vida.
Neste sentido, devemos sempre fomentar o diálogo entre as religiões.
É fundamental termos a consciência de que os discursos de ódio nas redes sociais, contra religiões e doutrinas diferentes das nossas, não tornarão o mundo mais leve e mais fraterno.
Mas, como propagar e compartilhar a nossa fé sem sermos agressivos e ofensivos com os nossos irmãos de vida terrena?
Devemos apresentar a “verdade” que trazemos no coração e respeitar o direito do outro em ter uma compreensão diferente do mundo. Os “testemunhos arrastam” mais que palavras ofensivas e atos agressivos na tentativa de mudarmos as pessoas.
Estamos vivendo em um mundo marcado por conflitos civis, guerras, crises climáticas e fome. Por isso, é importante fazermos da religião um caminho que nos conecte não apenas ao céu, mas aos irmãos e às irmãs, aos companheiros e às companheiras que pensam diferente de nós.
O art. 5°, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, “VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
A intolerância religiosa é crime e está tipificado pela Lei nº 7.716/1989.
Conforme informações do Ministério Público Federal, em função do cenário de desrespeito e de agressões motivadas pela intolerância religiosa “foi aprovada a Lei nº 11.635/2007, definindo o 21 de janeiro como dia nacional de combate à intolerância religiosa. A escolha visa homenagear a Ialorixá Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, fundadora do terreiro de candomblé Ilê Axé Abassá de Ogum”.
A líder espiritual Mãe Gilda foi um exemplo de combate à intolerância. O terreiro da Mãe Gilda chegou a ser invadido. Com a saúde debilitada em razão destas ações de discriminação, a líder faleceu em 21 de janeiro de 2000. Esta data se tornou símbolo de luta contra a intolerância.
Vamos testemunhar a nossa fé na vivência do amor ao próximo!